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Michelle Levy Terni

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CEO da consultoria Filhos no Currículo, top voice Linkedin em equidade de gênero – e mãe de três.

Apoio da alta liderança: um fator fundamental para criar culturas que apoiam a parentalidade

Na Roche Farma da Argentina, por exemplo, a atuação de Lorice Scalise, atual CEO da empresa no Brasil, permitiu a oferta de uma licença de cinco meses para pais e mães.

Por Michelle Levy Terni, colunista da Você RH
15 out 2025, 14h23
Diversos pinos branco de madeira dispostos de maneira arbitrária em fundo azul. Ao centro, há um paralelepípedo azul, com um pino vermelho em cima.
 (Getty Images/Reprodução)
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De todas as conversas e mapeamentos que tenho feito com empresas para ajudá-las a criar uma cultura de acolhimento à parentalidade, o que mais gera mudança é perceber nas atitudes da alta liderança uma referência a ser seguida. É por reconhecer a força transformadora dessas histórias que começo agora uma série de artigos na minha coluna, trazendo cases e boas práticas de organizações que usaram sua voz e sua influência para ampliar o espaço da parentalidade no mundo do trabalho.

Esse é o caso de Lorice Scalise, CEO da Roche Brasil, que antes de ocupar essa posição liderou a Roche Argentina e foi responsável pela implementação de uma das políticas mais ousadas da região: cinco meses de licença-parental universal, válida para todas as figuras parentais — mães, pais e diferentes configurações familiares. Tive a honra de ouvi-la na recente edição do Summit Filhos no Currículo e saí impactada com a sua força e leveza para mover pautas, servindo de referência e benchmark para muitas outras organizações.

 

Ela sempre participou ativamente da vida dos filhos e acredita que essa experiência impactou diretamente sua trajetória profissional e seu estilo de liderança. “Acho que a maternidade foi, antes de tudo, um espelho para mim. Eles nunca vão aprender [a partir] daquilo que eu digo, mas daquilo que eu sou. Isso me obrigou a evoluir, a trabalhar em mim mesma para ser minimamente capaz de educá-los. Foi esse processo que me ensinou a ter interesse genuíno nas pessoas, a confiar no potencial do outro e a não querer resolver por eles. Essas aprendizagens que tive com os meus filhos são exatamente as que levo para a minha liderança na Roche”, afirma Lorice.

A inquietação que virou projeto

Durante anos, as empresas associaram o cuidado exclusivamente à mulher, reforçando o imaginário de que é sempre ela quem deve se ausentar do trabalho para se dedicar aos filhos. Essa lógica se reflete em políticas e benefícios corporativos que ampliam a sobrecarga feminina e impactam diretamente sua trajetória profissional. “Qual é o custo dessa mulher para a organização? Ela custa mais porque fica cinco meses em casa.” Essa é a frase não dita, mas presente em muitas mesas de decisão.

Foi contra essa mentalidade que Lorice decidiu agir. Na Argentina, transformou inquietações em política concreta. Figuras maternas e paternas passaram a ter os mesmos direitos e, em casos de crianças com necessidades específicas, como neurodivergências, a licença ganhou ainda mais tempo. A mensagem foi clara: a parentalidade não é um custo, mas um valor a ser compartilhado que impacta positivamente em engajamento interno, reputação e atração de talentos.

Resistências internas e mudança cultural

A implementação, porém, não foi simples. Muitos homens resistiram, alegando que suas parceiras preferiam que eles voltassem ao trabalho. Algumas mulheres também questionaram a medida, com receio de perder espaço. Lorice foi firme: tornou a adesão obrigatória e abriu o debate sobre o papel de homens e mulheres no cuidado. “O tempo não compartilhado por um pai nos primeiros momentos da vida dessa criança jamais será compensado”, afirmou a executiva no summit mencionado anteriormente.

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A implementação de mudanças culturais nunca é linear. Resistências internas surgem de todos os lados — homens que preferem não ocupar seu espaço no cuidado, mulheres que temem perder benefícios, lideranças que enxergam custos imediatos em vez de ganhos de longo prazo. É nesse contexto que o papel da liderança institucional torna-se decisivo. Um estudo global da Harvard Business Impact (2025 Global Leadership Development Study) mostrou que 70% dos profissionais de RH entrevistados acreditam que as lideranças precisam expandir seu repertório de comportamentos para sustentar transformações organizacionais. A pesquisa revela ainda que a influência direta da liderança é determinante em três frentes:

  • Engajamento: colaboradores aderem mais facilmente a mudanças quando veem lideranças engajadas e coerentes entre discurso e prática.
  • Sustentabilidade: agendas de transformação só permanecem vivas quando revisitadas e reforçadas constantemente pela alta liderança.
  • Alinhamento cultural: lideranças que incorporam valores no dia a dia dão legitimidade à cultura desejada, mostrando quais comportamentos são ou não aceitáveis.

No tema da parentalidade, isso significa que não basta lançar uma política de licença estendida ou promover rodas de conversa. É preciso que a liderança apareça como embaixadora do tema, dando exemplo, comunicando prioridades e sustentando a pauta como parte da estratégia da empresa. Só assim a parentalidade deixa de ser apenas um benefício e passa a ser estratégia cultural.

Desafios e soluções no Brasil

No Brasil, onde Lorice lidera a operação atualmente, os desafios são ainda maiores. Na própria avaliação da executiva, a discussão sobre parentalidade no país está se desenvolvendo, mas encontra barreiras silenciosas dentro das organizações e nas políticas públicas.

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Por aqui, o PL do Pai Presente propõe a aprovação de uma licença de 60 dias, por exemplo, obrigatória e remunerada pelo Estado, que seria oferecida para todos os pais. Trata-se de uma iniciativa encabeçada pela Coalizão Licença Paternidade (CoPai), da qual a Roche é uma das empresas signatárias.

Enquanto isso, algumas organizações mantêm projetos internos que discutem o papel dos homens enquanto pais. É o caso do grupo de afinidade Men At Work, de funcionários da Roche, que debate pautas relacionadas à masculinidade e à paternidade protagonista. paternidade protagonista.

Por onde começar: um passo a passo possível

Empresas que desejam avançar em uma política parental universal podem começar com um movimento estruturado, mas simples:

  1. Mapear a cultura, as relações políticas, os processos e os benefícios. Compreender como o tema parentalidade é tratado hoje, quais são as práticas formais e os pontos cegos da cultura.
  2. Identificar uma pessoa da alta liderança como potencial embaixadora da pauta. Convidar alguém que advogue pelo projeto, dando voz, força política e legitimidade ao tema.
  3. Letrar, principalmente os homens. Estimular que homens ocupem o seu lugar no cuidado para desconstruir o imaginário de que a parentalidade é exclusiva das mulheres.
  4. Capacitar lideranças. Preparar o corpo de gestão para compreender a pauta, desconstruir vieses e atuar como agentes da mudança cultural.
  5. Criar um plano de gestão da mudança. Acompanhar, avaliar e ajustar continuamente as ações para garantir que a política se traduza em prática real no dia a dia da organização.
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Diante desta lista, eu te pergunto: quem você escolhe para legitimar essa pauta dentro da organização? Não basta lançar um novo projeto, o change management cultural é essencial para que as iniciativas realmente funcionem e representem um diferencial competitivo para os negócios. Costurar alianças estratégicas com embaixadores internos faz a diferença para que um novo benefício ou política saia do papel e se torne comportamento esperado. Da próxima vez que pensar em colocar a parentalidade no centro da sua estratégia de gestão de pessoas, pense nisso.

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