Quer tirar o PDI do papel? Comece pelos pontos fortes
Funcionários que usam o melhor que têm são 6 vezes mais propensos ao engajamento e 3 vezes a ter alto desempenho. Veja como o RH pode contribuir.
Uma das principais abordagens corporativas para lidar com a necessidade de evolução e inovação hoje é o foco em desenvolver talentos que se adaptem com agilidade e criatividade aos novos desafios. Mas o que acontece quando a busca por aprimoramento foca apenas nos pontos fracos, esquecendo-se do potencial que reside nos pontos fortes de cada indivíduo?
A Harvard Business Review, em um artigo recente, destaca a importância de identificar e desenvolver os talentos naturais, uma abordagem que, em vez de tentar corrigir falhas, aproveita as características únicas de cada pessoa para impulsioná-la em direção ao seu máximo potencial.
Essa abordagem, que parece intuitiva, muitas vezes é negligenciada no ambiente corporativo. O foco na correção de erros e no preenchimento de lacunas pode obscurecer a riqueza de talentos que residem em cada colaborador, impedindo que ele explore suas habilidades naturais e se destaque em áreas onde realmente tem esse potencial.
De acordo com um estudo da consultoria McKinsey, 70% dos funcionários não utilizam seus pontos fortes no trabalho, o que impacta negativamente o desempenho individual e a produtividade da equipe.
Ganham a empresa e o indivíduo
Para os profissionais de RH, essa perspectiva oferece uma oportunidade única de fortalecer a cultura organizacional e impulsionar o crescimento individual. Em vez de focar apenas em programas de treinamento que visam suprir “carências”, o RH pode atuar como um guia no processo de autodescoberta, ajudando os colaboradores a identificar seus pontos fortes e a desenvolver suas habilidades naturais.
Uma pesquisa da Harvard Business Review revelou que pessoas que se concentram em seus pontos fortes apresentam melhoria significativa na produtividade, criatividade e satisfação no trabalho.
Construir um sistema de feedback positivo e direcionado também é crucial. Incentive os líderes a fornecer feedback positivo e específico, destacando os pontos fortes e reconhecendo as contribuições de cada colaborador. Essa prática contribui para aumentar a autoestima, o engajamento e o desenvolvimento individual.
Mas, vale dizer, o RH sozinho não garante sucesso. O papel da liderança é fundamental nesse processo. Líderes devem ser estimulados a ter conversas frequentes com seus colaboradores, especialmente com o RH, mostrando a correlação entre desenvolvimento e performance. A importância do trabalho de desenvolvimento deve ser integrada ao ciclo de pessoas, sucessão e crescimento na área… tudo dependendo do desenvolvimento individual.
O PDI, neste sentido, torna-se uma ferramenta poderosa nas mãos do líder, não como trabalho extra, mas como um meio para engajar e obter os resultados desejados. Muitos líderes relatam insatisfação com a performance da equipe sem, no entanto, investir em conversas de desenvolvimento ou no PDI. Como as pessoas irão se desenvolver se não houver uma metodologia para trabalhar isso?
Outro ponto crucial é o papel do indivíduo. Ele precisa usar o PDI como ferramenta permanente, não apenas um evento anual. O desafio está em transformá-lo de um evento isolado em uma jornada contínua, com momentos de revisão e checagem ao longo do ano. Conectando, por exemplo, a revisão do PDI a feedbacks regulares e estabelecendo checkpoints – assim como em metas SMART – para avaliar o progresso dos objetivos definidos de carreira.
Por fim, crie uma cultura que valorize e celebre os talentos naturais de cada indivíduo. Reconheça as conquistas e os sucessos, destacando as habilidades que contribuíram para o resultado positivo. Um estudo da Gallup descobriu que funcionários que usam seus pontos fortes no trabalho são seis vezes mais propensos a estarem engajados e três vezes mais propensos a terem alto desempenho.
O papel do RH
E o RH? Ele age como pace setter, levantando a bandeira, dando visibilidade ao tema, e realizando acompanhamento formal e informal, conectando pontos e relembrando a importância do desenvolvimento sempre que possível. Isso porque, na maioria das empresas, essa cultura ainda não está consolidada, e daí surgem os PDIs que não se conectam à realidade, o tal do “Dia Mundial do PDI”, como ação pontual e isolada.
Ao incorporar essa abordagem holística – envolvendo RH, liderança e colaboradores – no dia a dia da empresa, o PDI deixa de ser um documento parado na gaveta e se torna uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento individual e o sucesso da organização.