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Vívian Rio Stella

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Doutora em Linguística pela Unicamp. Idealizadora, curadora e professora da VRS Academy, pesquisa e desenvolve trabalhos voltados à lifelong learning
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Autenticidade: como ir do sincericídio até a coragem de ser quem você é

A autenticidade não pode ser confundida com o sincericídio, com o falar o que quiser "doa a quem doer". Entenda a diferença entre os dois comportamentos

Por Vívian Rio Stella, colunista de VOCÊ RH
5 jul 2021, 13h17
Imagem mostra uma mesa de reunião em que dois homens brancos e duas mulheres negras estão reunidos em volta de um notebook.
 (Pexels / Andrea Piacquadio/Divulgação)
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Há alguns anos, eu dizia a participantes dos cursos de comunicação assertiva que eu tinha muito receio das pessoas que se autodenominam autênticas, que dizem a “verdade” doa a quem doer. Ao mesmo tempo, tinha uma secreta admiração por pessoas com coragem de expressar suas ideias, por mais polêmicas que fossem.

Com o tempo, a leitura de diferentes autores, a reflexão e a discussão com colegas, fui ressignificando o conceito de autenticidade para mim mesma, o que impactou a forma como eu me expresso e como trato do tema nos cursos.

De sinônimo de sincericídio, passei a compreender que autenticidade é um conceito socialmente construído, resultado das interações sociais que constituem nossa identidade. Portanto, muito mais fluído.

O que é ser autêntico?

Ser autêntico requer um processo de autocompreensão, uma busca pela sua essência em meio às cobranças sociais que nos impõem formas de ser e estar no mundo. Em outras palavras, é um convite a sair do automatismo, de um fazer como todo mundo faz.

É escolher uma foto para colocar no seu WhatsApp ou LinkedIn que não seja necessariamente você, num fundo cinza, de braços cruzados olhando para o horizonte, porque pode ser que seja mais você uma foto em meio a natureza, de braços abertos. E há quem vá te dizer que essa foto não está “profissional” e você está tão bem com o quanto ela te representa, que essa avaliação não te afeta nem te faz mudar de foto.

É saber que todo mundo marca reuniões com 1 hora e você sabe que só precisa de 25 minutos para essa conversa. Então, o convite enviado aos envolvidos tem essa duração, mesmo que o estranhamento seja generalizado.

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É entender que seu estilo de liderança e o momento do time combinam com uma conversa sem pauta com o time, numa quarta-feira, em que você mais vai ouvir do que falar, mesmo que no começo as pessoas estranhem, fiquem em silêncio e custem a entender essa ação “excêntrica”.

É contrapor e fazer objeções naquela reunião sempre tensa, porque o silêncio vai fazer mal não só para você, mas para as pessoas a seu redor e até para o negócio. Afinal, há afirmações que, se não forem feitas em nome de um clima amistoso, podem ser danosas a curto, médio ou longo prazo.

Pelos exemplos acima (e tantos outros que poderia listar), autenticidade não é sinônimo de violências verbais e sincericídios, como eu mesma associava há algum tempo. Porque falar como quiser, doa a quem doer, tem mais a ver com criar polêmica pela polêmica, com relações tóxicas e com clima de insegurança psicológica do que com ser autêntico.

Mergulhar nesse conceito me ajudou a entender autenticidade numa relação intra e interpessoal. Hoje entendo que a palavra está mais associada a um não automatismo, à originalidade e à coragem de ser vulnerável, uma atitude que ajuda a cada pessoa e a cada marca ou empresa a não embarcar em modismos (com os quais nem sempre concordamos).

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Pois é, embora as palavras pareçam ser um retrato do mundo, como uma fotografia da realidade, elas são um trato do mundo, fruto de escolhas, de um significar e ressignificar constante, a partir de nossas experiências, nossas leituras de mundo e da sociedade em que vivemos.

Por isso mesmo, é importante buscar compreender, a partir de diferentes fontes (de dicionários, teóricos a pessoas com quem convivemos ou quem admiramos), os usos e sentidos de palavras que permeiam o seu dia a dia.

Clareza, diálogo, lugar de fala, vulnerabilidade são alguns dos termos que compõem um glossário que elaborei a partir desse exercício com a palavra autenticidade. Convido você a acessá-lo e a participar dessa construção de sentidos de palavras que habitam a comunicação e cujos sentidos nem sempre estão claros ou delineados em sua complexidade.

Assinatura de Vívian Rios
(VOCÊ RH/Divulgação)
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