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Vívian Rio Stella

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Doutora em Linguística pela Unicamp. Idealizadora, curadora e professora da VRS Academy, pesquisa e desenvolve trabalhos voltados à lifelong learning

Em meio a tanta distração, será que as pessoas leem nossos textos?

Mais do que escrever, é preciso encantar. Porque atenção virou o novo bem escasso das empresas.

Por Vivian Rio Stella, colunista da VOCÊ RH
19 out 2025, 23h56
Cérebro de papel cortado.
 (Jorg Greuel/Getty Images)
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Assim como você, eu me pego pensando, com frequência, no paradoxo da comunicação moderna. Nunca na história da humanidade, vivemos tão mergulhados em tantas palavras, circulando em tantos lugares, com tamanha velocidade. Seja no Teams, no WhatsApp, no Slack ou no e-mail, o volume de canais corporativos explodiu, criando uma ironia amarga: temos mais formas de falar, mas estamos sendo ouvidos cada vez menos.

Esse não é apenas um problema de frustração pessoal, é um desafio épico da nossa era, a Economia da Atenção, e ele custa caro. Pesquisas mostram que 50% a 60% do tempo dos empregados é gasto em alguma forma de comunicação. Pense nisso: metade do tempo de trabalho, potencialmente, sendo engolida por ruído. Esse desperdício de bilhões de palavras se traduz em um custo de bilhões de dólares para as empresas.

A dura realidade é que estamos sob uma rajada constante de distrações. Olhamos para o celular, pelo menos, 344 vezes por dia, e levamos mais de 20 minutos para retomar o foco após um desvio de atenção. Em média, dedicamos apenas 26 segundos à leitura de um conteúdo.

Outro dado curioso (e revelador): pesquisas de usabilidade mostram que lemos páginas e textos digitais em formato de “F”. Ou seja, passamos os olhos nas duas primeiras linhas e depois apenas escaneamos a lateral esquerda do texto..

Diante desse cenário, a pergunta de milhões (ou melhor, de bilhões) de dólares é: como reter a atenção de alguém no meio desse caos?

O antídoto: concisão é confiança

A chave para a comunicação eficiente não é lutar contra a forma como as pessoas consomem conteúdo hoje, mas sim adaptar-se a ela.

Foi nesse ponto que encontrei o conceito de “Brevidade Inteligente” (dica de livro que vi num post da querida e excelente profissional de RH Eliane Melo), que funciona como um novo sistema para operar na economia da atenção. 

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Essa filosofia foi cunhada por Jim VandeHei, Mike Allen e Roy Schwartz. Eles são figuras importantíssimas, cofundadores da Axios (e, anteriormente, cérebros por trás do Politico), que revolucionaram a forma de consumir notícias nos Estados Unidos.

A constatação deles foi brutal: mesmo sendo gigantes do jornalismo em veículos de prestígio, os dados mostravam que quase ninguém chegava ao fim dos textos longos. Em vez de lutar, eles se adaptaram e criaram um estilo curto, direto e visualmente limpo.

O recado deles é poderoso e ressoa profundamente no mundo corporativo: “Concisão é confiança; extensão é medo”. No ambiente de trabalho atual, não é o colaborador que precisa mudar sua forma de ler, mas sim o RH e os profissionais em geral que devem mudar a forma de escrever.

A virada do RH e dos profissionais

O RH, sendo um dos grandes produtores de comunicados cruciais (saúde, benefícios, treinamentos), é também quem pode liderar a virada contra a sobrecarga informacional. Não se trata de criar mais plataformas, mas de ter a coragem de comunicar menos, e melhor.

Para sairmos do modo automático e sermos estratégicos e intencionais, precisamos de um novo manual de como ser lido. E é isso que os autores propõem em seu livro.

A seguir pontuo os principais aspectos que valem ser analisados para produzir suas mensagens:

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1. A Regra de Ouro: pense no leitor

Quando paramos para escrever, a tendência é pensar no que queremos dizer. A Brevidade Inteligente inverte isso: pense no que os outros desejariam e deveriam ouvir.

E ainda mais: aceite que a maioria apenas passará os olhos. Segundo os autores, as pessoas só querem saber: “quais são as novidades e por que isso é importante”. Então, dê isso a eles imediatamente.

A mensagem deve dominar duas partes cruciais:

  • A Notícia: Algo novo, revelador.
  • O Axioma (ou contexto): Por que isso é importante.

Dica prática: Use uma linha em negrito logo após a primeira frase: “Por Que Isso É Importante:” para guiar o leitor sobre o que pensar.

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2. Os 4 Pilares (E o desafio da tela do celular)

Para simplificar e engajar de verdade, os autores nos convidam a concentrar a mensagem em quatro passos:

  • A. Uma “provocação” potente (o gancho): No campo de assunto do e-mail ou título, use cerca de seis palavras fortes. O ideal é que o assunto tenha 60 caracteres para garantir que seja exibido integralmente na tela do celular.
  • B. Uma primeira frase forte, ou “lide” (O “relâmpago”): A frase inicial deve ser memorável. Torne-a o mais direta, curta e clara possível. Deve ser algo que o leitor não saiba, gostaria de saber ou deveria saber. Lembre-se da lição de Mark Twain, citada pelos autores: a diferença entre a palavra quase certa e a palavra certa “é a diferença entre o vagalume e o relâmpago”. Use a palavra que brilha.
  • C. A opção por “Ir mais fundo”: Nunca obrigue ninguém a ler mais do que quer. Ofereça camadas de leitura. Crie uma seção clara, como “Para Ir Mais Fundo” ou “Saiba Mais”. Isso mostra que você respeitou o tempo do leitor, dizendo a ele: “Tive o trabalho para que você não precise ter”.
  • D. O desafio da tela do celular: Tente fazer com que o Gancho, o Lide, o Axioma e a Opção de aprofundamento caibam na tela do celular, sem que o leitor precise rolar.

3. Concisão não é superficialidade

Muitos temem que ser breve signifique ser raso. Pelo contrário. Ser breve é compartilhar mais valor em menos tempo.

Para evitar o amontoado de palavras, use tópicos para explicar três ou mais dados ou ideias relacionadas. E, mais importante: revise implacavelmente. Analise cada palavra e pergunte: eu consigo dizer o mesmo com uma sílaba a menos?.

Palavras que libertam

O que custa bilhões às empresas não é a falta de informação, mas o seu excesso, muitas vezes sem sentido claro.

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Para os autores, adotar a Brevidade Inteligente é uma necessidade: é parar de desperdiçar o tempo das pessoas. É libertá-las da tirania do excesso de palavras. Palavras diretas libertam, clareza engaja, e concisão inspira confiança.

Há anos atuando com escrita no mundo corporativo, eu mesma sugeria que as pessoas se restringissem a usar apenas as 200 palavras que, de fato, lerão em um minuto. Mas mais do que números, vale escolher as palavras com sentido, na medida da necessidade de leitores e do que o contexto demanda ser informado, sem excessos e sem cortes que podem gerar ruídos no futuro. 

A verdadeira inovação na comunicação está na coragem de inovar no uso da linguagem, sair do modo automático de escrever sem considerar o contexto como um todo e, claro, ser conciso.

Ainda assim, as pessoas escolhem se e como vão ler nossos textos. Mas precisamos fazer mais do que apenas “mandar a mensagem”, como se fosse um checklist de tarefas diárias.

Em um mundo em que todos falam, mas poucos realmente se fazem ouvir, comunicar com propósito virou ato de liderança. Não basta escrever: é preciso tocar, mover, conectar. Cada mensagem é uma chance de construir confiança – ou perdê-la. O futuro da comunicação nas empresas não estará nas plataformas, nem nos algoritmos, mas nas palavras que escolhemos e na intenção com que as entregamos. O RH, mais do que nunca, pode ser o guardião dessa nova fluência: a que transforma ruído em sentido, informação em vínculo e texto em gesto de cuidado. Porque, no fim, comunicar bem é cuidar das pessoas – e cuidar bem das pessoas sempre será a forma mais inteligente de liderar.

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