Pitch e storytelling: por que a educação corporativa adotou essas técnicas
Especialistas defendem: são artimanhas que podem gerar mais conexão entre os interlocutores, o que traz benefícios à carreira e à cultura organizacional.

Duas técnicas de comunicação, antes consideradas exclusivas do marketing e das startups, estão ganhando protagonismo na educação corporativa: o storytelling e o pitch.
Enquanto a primeira apoia a criação de narrativas envolventes e relevantes, a segunda elabora apresentações de produtos, ideias ou projetos de forma clara, curta e concisa. Juntas, permitem unir dados e histórias, transmitindo emoção e gerando engajamento entre os colaboradores.
De acordo com uma pesquisa publicada pela Stanford Graduate School of Business, as pessoas lembram de até 22 vezes mais informações quando as recebem em forma de história, em vez de dados isolados.
Para Jennifer Aaker, professora de marketing da instituição, o profissional que sabe aproveitar o poder das narrativas tem mais chance de ser convincente, motivar as pessoas e progredir na carreira.
Isso também aparece no relatório The Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, que destaca a habilidade de comunicar ideias de maneira clara, persuasiva e envolvente como uma das mais valorizadas no mundo atual do trabalho. O estudo envolveu 803 empresas de todo o mundo, que empregam mais de 11,3 milhões de pessoas.
Pedro Alves, especialista em gestão de pessoas e sócio da Ação Consultoria, argumenta que o uso de narrativas no contexto empresarial cria conexões mais humanas e duradouras no processo de aprendizagem. “O storytelling permite que o conteúdo vá além da informação técnica. Ele gera identificação, emoção e contexto, transformando um treinamento em uma experiência, o que impacta diretamente na retenção do aprendizado e na aplicação prática do conhecimento.”
O consultor explica que os programas que utilizam storytelling vêm apostando em jornadas de aprendizagem com personagens e dilemas próximos à realidade dos colaboradores. “Trazer o contexto, os desafios e as necessidades da empresa para dentro do treinamento, por meio das histórias, cria conexão. Os participantes se envolvem mais e, assim, aprendem com maior profundidade. Isso aumenta o engajamento, a retenção e a motivação para aplicar o conteúdo no dia a dia.”
Outra ferramenta relevante, que pode ser usada como aplicação prática, é o pitch. Tradicionalmente associado à venda de ideias em ambientes como startups ou rodadas de investimento, ele hoje é valioso também no universo da comunicação interna e do desenvolvimento de lideranças. “Um pitch bem estruturado ajuda líderes a comunicarem suas ideias com clareza, objetividade e impacto. Seja para inspirar um time, defender um projeto ou engajar em torno de uma meta, essa é uma habilidade essencial em qualquer nível de liderança e em qualquer empresa”, afirma Pedro.
Segundo o especialista, organizações que adotam o storytelling como parte de suas estratégias de aprendizagem e o pitch como ferramenta de comunicação para a liderança percebem ganhos tangíveis em cultura e performance. “Em nossas experiências [da Ação Consultoria], o engajamento dos participantes tem sido positivo, inclusive em programas com participação voluntária. Além disso, temos relatos de maior alinhamento e mais segurança por parte das lideranças na hora de comunicar decisões e direcionamentos.”
Com mensagens transmitidas de forma mais clara e significativa, a conexão com os valores e a adesão às metas estratégicas também têm melhorias. “O desafio das empresas não é apenas informar, isso é possível em qualquer lugar atualmente. O verdadeiro desafio é conectar, criar colaboração, ampliar a sinergia. Tanto o storytelling quanto o pitch são ferramentas poderosas para isso.”