Tutor digital amplia acesso à aprendizagem corporativa e personalizada
Capacitação em tempo real e apoio automatizado para profissionais de todos os níveis são as principais funcionalidades da IA para a maioria das empresas.

73% das organizações apontam as experiências de aprendizagem personalizadas como a funcionalidade de inteligência artificial com maior impacto relevante. Ainda assim, segundo o estudo AI in Learning and Talent Development, conduzido pela Association for Talent Development (ATD) em parceria com a edtech internacional UMU, apenas 6% das companhias possuem uma estratégia formal estruturada para o uso da tecnologia na capacitação de talentos.
Para Tatiany Melecchi, CEO da Transforma People & Performance, não há dúvida: programas automatizados com acompanhamento em tempo real e personalização escalável deixaram de ser promessa e se tornaram realidade. Além disso, a especialista acredita que a IA tem potencial para reduzir desigualdades internas de capacitação se atuar como tutor pessoal para colaboradores de todos os níveis hierárquicos. A ideia, para permitir o desenvolvimento de líderes a operacionais, é entregar recomendações personalizadas com base em dados e desempenho individual. “Essa democratização do aprendizado é uma das maiores oportunidades da nossa era”, afirma.
Tendência para os próximos meses
A adoção da IA como tutor digital ganhou força após as declarações de Bill Gates no ASU+GSV Summit, evento internacional sobre tecnologia, educação e inovação. Segundo o fundador da Microsoft, os chatbots de IA devem alcançar domínio sobre habilidades como leitura e escrita nos próximos 18 meses. Bill Gates prevê ainda que esses sistemas terão desempenho comparável ao de tutores humanos, abrindo espaço para sua aplicação em ambientes corporativos.
Na prática, os tutores digitais baseados em IA já vêm sendo aplicados para orientar participantes de workshops, esclarecer dúvidas, fornecer feedbacks e indicar conteúdos adicionais conforme o progresso do colaborador. Josh Bersin, uma das autoridades globais em desenvolvimento humano, comparou o impacto da IA na aprendizagem que o YouTube e o iPhone representaram para a produção de vídeo. “A IA democratizará rapidamente o aprendizado, assim como o YouTube e o iPhone fizeram com o vídeo, que costumava ser difícil de criar”, conta Tatiany.
Para a executiva, a combinação entre dados, automação e inteligência emocional continua indispensável. “A IA é uma aliada, mas não substitui o facilitador humano. O papel do profissional de treinamento e desenvolvimento continua essencial para criar um ambiente seguro, contextualizar o conhecimento e traduzir o aprendizado em performance real”. Para ela, as empresas que adotam tutores digitais de forma estratégica e inclusiva, não apenas otimizam recursos, mas ampliam o acesso à aprendizagem de qualidade, fortalecendo, assim, a equidade interna, a produtividade e a cultura de desenvolvimento contínuo. “A tecnologia só faz sentido quando está a serviço das pessoas. E, nesse caso, ela pode estar ao lado de cada colaborador, todos os dias”.