Pesquisa estima 123 anos para mulheres alcançarem igualdade em cargos de decisão
No mundo, 31% da liderança sênior são de executivas, com o Brasil ocupando a 72ª posição do ranking de equidade de gênero, duas colocações acima do ano passado.
A presença feminina em cargos de decisão no mercado de trabalho ainda cresce em ritmo lento e desigual, segundo o Global Gender Gap Report 2025, que estima mais de um século (123 anos) para as mulheres alcançarem a paridade de gênero. No mundo, apenas 31% da liderança sênior são de executivas, com o Brasil ocupando a 72ª posição do ranking global de equidade, duas colocações acima do ano passado.
Os dados do Panorama Mulheres 2025, realizado pelo Instituto Talenses Group em parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero do Insper, reforçam o cenário de estagnação. Somente 17,4% das empresas brasileiras têm uma mulher na presidência, e a participação feminina nas vice-presidências caiu de 34% em 2022 para 20% em 2024. Quando se trata de intersecção com outras minorias, o número é ainda pior: entre 310 companhias analisadas, apenas oito contam com mulheres com deficiência em cargos de alta gestão.
Para Joyce Romanelli, sócia-diretora da Fluxus, especializada em desenvolvimento de lideranças, o problema não está na falta de talento, mas na ausência de estrutura. “Não é uma questão de competência ou ambição. É estrutural — de quem é autorizado a avançar, que é constantemente sobrecarregada e tem suas conquistas invisibilizadas”, afirma ela, que também é a idealizadora do programa Liderança Feminina, cujo impacto já atingiu mais de 20 mil brasileiras.
Para isso, a executiva estabeleceu sua abordagem em quatro pilares focados na carreira dessas mulheres: imaginar (transformar o impossível em realidade), reconhecer (valorizar a própria trajetória), criar redes (fortalecer alianças) e ampliar espaços (agir intencionalmente para promover equidade).
Responsabilidade corporativa
Joyce defende que a igualdade de gênero não pode ser tratada como uma pauta de inspiração, mas de gestão e responsabilidade organizacional. “Diversidade sem intencionalidade gera frustração”, comenta a especialista. “As empresas precisam sair do discurso e investir em programas que formem lideranças conscientes, que questionem padrões excludentes e promovam oportunidades reais de ascensão”, diz, ressaltando que isso inclui homens aliados e gestões mistas comprometidas com o tema.
Ela destaca ainda o papel econômico da inclusão feminina, revelado por estudos, como o da consultoria McKinsey, por exemplo, que destacam maior rentabilidade, inovação e retenção de talentos em empresas com mais mulheres em cargos de liderança. “Equidade não é apenas uma pauta social. É um vetor de sustentabilidade e performance”, afirma. “Ignorar isso é desperdiçar potencial humano e competitivo”.
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