Uma equipe é mais do que a soma de suas partes
Veja como o desempenho de um colaborador é influenciado diretamente pelo time ao redor dele – quanto mais entrosado, sua performance será melhor.

Montar uma equipe de sucesso é tanto arte quanto ciência. Lynda Silsbee, fundadora do Performance Dimensions Group e do Programa de Aceleração de Liderança, defende que, para um líder, sucesso no trabalho não pode ser só performance individual. Segundo a especialista, montar um time que trabalha de forma coesa, comunica-se bem e compartilha um propósito tem que ser uma prioridade do gestor.
Por quê? Porque pesquisas mostram que times bem-construídos são mais produtivos, resilientes e criativos como grupo do que são como indivíduos.
“Equipes de alto desempenho podem tomar decisões mais rápidas, adaptar-se mais rapidamente às mudanças e lidar com contratempos com maior
agilidade”, afirma Lynda.
Parece que Aristóteles estava correto ao afirmar que “o todo é maior do que a soma das partes”. A frase – que tem origem contestada – é muito usada para dizer que uma equipe é muito melhor do que seus membros são individualmente. É como se a união elevasse o potencial de cada um.
Vários artigos e pesquisas científicas parecem corroborar a impressão de que um time bem-ajustado é capaz de grandes feitos.
Um estudo de 2002 feito por três cientistas do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas (CSIC), instituição pública da Espanha, acompanhou um grupo de pesquisadores da área da geologia. O objetivo era verificar quem era mais produtivo: quem já tinha uma equipe consolidada, quem trocava de equipe o tempo todo ou quem trabalhava sozinho.
Publicado no periódico Scientometrics, seus resultados mostraram que os pesquisadores que trabalhavam com os mesmos times eram mais produtivos do que seus colegas em equipes não consolidadas; e estes, por sua vez, mais do que indivíduos sem equipe.
Outro estudo, feito em 2006 por pesquisadores de Harvard, mostrou que o desempenho geral dos cirurgiões se aprimorava com o tempo quando eles conseguiam trabalhar consistentemente com sua equipe habitual, no mesmo hospital.
Quando os cirurgiões cobriam outros médicos – ou seja, acabavam trabalhando com outras equipes –, essa melhora não se repetia. Apesar de familiarizados com o hospital e com a prática cirúrgica, esses profissionais sentiam a mudança de equipe e do ambiente.
Não se mexe em time que está ganhando
Em 2013, um novo time de pesquisadores da Escola Médica de Harvard conduziu uma análise similar – e chegou a um resultado também parecido. Em seu estudo, os médicos buscaram avaliar como o conhecimento individual de um cirurgião cardíaco e a expertise acumulada de sua equipe influenciavam no resultado de um procedimento cirúrgico específico.
De 2001 a 2010, 4.068 pacientes passaram por esse procedimento naquele hospital. Foram 11 cirurgiões e 73 residentes realizando as operações. A partir de todos esses dados, os médicos perceberam que um dos fatores mais importantes para a eficácia e agilidade de um processo da cirurgia era justamente quantas vezes o cirurgião tinha trabalhado com o residente. Mais especificamente, a experiência conjunta da equipe era três vezes mais importante para o sucesso do procedimento do que a técnica individual do médico.
“O principal fator determinante da eficiência operatória nesse procedimento é a experiência colaborativa entre a equipe de cirurgião e residentes, e não a experiência individual do cirurgião”, escrevem os pesquisadores nas conclusões do artigo.
Esses três casos são importantes para mostrar como gestores podem subestimar o impacto da sinergia de uma equipe na performance individual
de um colaborador.
Por isso, a função de um líder deve ser sempre garantir que seus liderados se reconheçam como uma equipe com responsabilidades e conquistas coletivas. O senso de comprometimento gera mais confiança e colaboração. Cabe ao gestor prover as condições ideais para que cada indivíduo floresça e faça a equipe atingir seu potencial máximo como uma união de vários esforços.
Nesta nova seção da Você RH, o leitor pode esperar notícias e discussões sobre ciência, gestão de pessoas, psicologia organizacional e como esses campos podem ajudar a área de recursos humanos a ser mais eficiente. Esperamos você na próxima edição, com mais um combo especial de Ciência & Gestão!
Este texto é parte da edição número 99 (agosto e setembro) da Você RH. Clique aqui e confira outros conteúdos da revista impressa.