Mais de 500 mil vagas temporárias devem ser geradas no Brasil até dezembro
Oportunidades se tornam estratégia corporativa para que funcionários e patrões possam se avaliar antes de iniciarem uma jornada de emprego fixo.
Até dezembro, mais de 500 mil vagas temporárias de empregos devem ser geradas no Brasil, segundo a IntelliGente Consult. Eventos do último trimestre como Black Friday e Natal impulsionam as contratações, principalmente em lojas, e-commerce, logística, distribuição, delivery, atendimento em geral e indústria e serviços de alimentação e brindes.
“O emprego temporário é uma força propulsora da economia, mas no cenário atual representa uma solução estratégica para a sustentabilidade dos negócios, diante da grande rotatividade no mercado de trabalho”, afirma Aline Oliveira, diretora da IntelliGente Consult. A executiva observa ainda que as chances de efetivação deixaram de ser um desejo exclusivo do empregado temporário. “Hoje em dia, as empresas avaliam que o desempenho profissional precisa, necessariamente, alinhar-se à cultura organizacional, o que proporciona contratações mais assertivas com redução do turnover.”
Regulamentado por lei em 1974, atualizado em 2017 e decretado em 2019, este modelo de trabalho garante direitos trabalhistas aos profissionais contratados, como jornada definida, remuneração proporcional, FGTS, INSS, adicional noturno, horas extras, férias e 13º salário proporcionais.
Alta no varejo e também em serviços
Em 2024 foram geradas aproximadamente 497 mil vagas entre outubro e dezembro, em território nacional. Somente no varejo, o período do Natal abriu mais de 98 mil postos. De acordo com a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), o setor tende a manter a boa performance também em 2025, não apenas no varejo, mas também em operações de serviços.
Principal polo de empregos temporários do país, o estado de São Paulo deve registrar leve alta nesse tipo de contratação no quarto trimestre. Aline diz que, a partir da avaliação de dados oficiais e levantamentos de entidades representativas, são esperadas entre 30 mil e 35 mil novas posições. “Em parte temporárias, em parte celetistas, o que é muito coerente com a perspectiva de mais de 500 mil vagas em todo o Brasil até o final do ano”.
A efetivação pode chegar a 30%
A taxa de efetivação de trabalhadores temporários também é contemplada no estudo. Fernanda Toledo, CEO da IntelliGente Consult, destaca que o índice projetado de profissionais efetivados em 2025 deve avançar, chegando a 30% em segmentos com escassez de mão de obra. “A título de comparação, em 2023 a parcela de colaboradores contratados efetivamente chegou a 22%”.
O processo de efetivação, segundo as executivas da consultoria, torna-se mais relevante a partir de boas práticas das empresas. “Na contratação temporária, é desejável que, ainda no processo seletivo, os critérios de hard e soft skills estejam bem definidos”, indica Fernanda. De acordo com Aline, entre outras medidas a avaliação 360 quinzenal é importante para dar transparência e visibilidade do que conta para a efetivação. “Antes do Natal e Ano-Novo, a oferta antecipada de vagas permanentes para top performers é algo que reduz perda de talentos para os concorrentes”.
Temporária, social e sustentável
A sustentabilidade dos negócios a partir do trabalho temporário encontra ressonância no conceito ESG. Sob o aspecto econômico, “suaviza o ciclo de caixa” e evita overstaffing, ou excesso de pessoal. “A contratação on-demand para períodos de pico reduz ociosidade e custos fixos em janeiro e fevereiro”, reforça a CEO.
Na questão social, há ampliação da empregabilidade para quem espera a primeira oportunidade no mercado e também para o profissional que retorna ao trabalho ou busca complementar a renda. “Até 30% dos trabalhadores consideram a vaga temporária como porta de entrada para o mercado”, diz a diretora.
E no quesito governança, o planejamento de força de trabalho, segundo elas, com metas, métricas e compliance, contribui para reduzir riscos trabalhistas e ampliar os critérios de transparência da empresa.
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