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Entrevista: Claudia Perrone, diretora de RH da Stanley Black & Decker

A executiva fala dos programas voltados para a saúde dos colaboradores, que resultaram em menos gente doente – e economia para a empresa.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 2 ago 2024, 15h02 - Publicado em 31 jul 2024, 12h26
Foto da Claudia Perrone.
 (Celso Doni/VOCÊ RH)
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Claudia Perrone tem uma carreira de 28 anos no RH, um caminho que começou na Procter & Gamble e depois no Santander, onde ficou nove anos: “Foi onde cresci muito quanto ao que é preciso na área de recursos humanos”. Após passagens em outras grandes empresas, está há seis anos na Stanley Black & Decker (SBD), companhia fabricante de ferramentas industriais e domésticas – e de muita tradição. Nasceu em 1843, nos Estados Unidos, com o intuito de produzir ferrolhos e dobradiças. 

Ao chegar à empresa, em 2018, já para assumir a diretoria de RH no Brasil (e depois na América do Sul), Claudia se deparou com outra tradição. A gestão era no estilo de “comando e controle”, com muitos funcionários trabalhando em excesso. Esse cenário, já propício para o burnout e outras complicações físicas e psicológicas, ainda teve de enfrentar a pandemia – um teste de resiliência até para os mais equilibrados.

Então, contando com o apoio do presidente da empresa, a executiva promoveu uma série de transformações, que vão do aumento da diversidade a uma série de iniciativas para lidar com a saúde dos funcionários. O resultado reduziu a sinistralidade ligada ao plano de saúde, trazendo economia para a SBD, e construiu um ambiente corporativo muito mais saudável para todos. “Hoje, quem sai da empresa acaba querendo voltar”, ela afirma. Confira como essas transformações têm sido importantes para a companhia na entrevista a seguir.  

Como começou, na Stanley Black & Decker, essa atenção especial com a saúde dos colaboradores? 

Por conta da pandemia, contratamos o Employee Assistance Program, que é um benefício para o funcionário: oferece acompanhamento para aqueles que têm problemas pessoais ou relacionados ao trabalho, aconselhamento, encaminhamentos… Tudo gratuito e confidencial. Isso porque começamos a nos preocupar muito mais com a saúde mental das pessoas. Durante a crise do coronavírus, já fazíamos palestras semanais para falar de vida saudável, mas também com um foco muito grande no equilíbrio psicológico. E foi impressionante como as pessoas aderiram. Foi tanta participação que o diretor de vendas ficou preocupado: pediu para eu acertar as datas das palestras junto com ele, porque todo mundo ia e não ficava ninguém no comercial.

Que tipo de feedback vocês receberam? 

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Foram diversos, mas me chamou atenção que as pessoas começaram a descobrir que estavam com burnout, muitas vezes por conta de conciliar o trabalho com os cuidados de casa ao mesmo tempo – enquanto estavam completamente no home office. E gente que entendeu a diferença entre estar com burnout e ficar deprimido por causa de todo aquele cenário da pandemia. Isso porque uma das palestras explicou direito o que é e o que não é burnout. E foi importante porque, nos casos de burnout, podemos dar uma licença para a pessoa colocar a vida no lugar. Mas, se é depressão, esse indivíduo está doente e precisando de tratamento. Fizemos um trabalho forte com as lideranças para que elas soubessem lidar com os problemas de suas equipes. 

Foto da Claudia Perrone.
Claudia Perrone: “O plano médico é a segunda maior despesa da companhia, só perde para os salários. Então faz muita diferença se a gente tem um aumento de 25% nesse gasto ou só de 5%”. Esse é um dinheiro que acaba no bolso dos próprios funcionários. (Celso Doni/VOCÊ RH)

Para esse cuidado todo funcionar é preciso haver uma boa comunicação interna, certo?

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É imprescindível. Tanto que criamos um programa chamado SBD por Você. Ele tem um workplace que é um tipo de Facebook corporativo, e onde fazemos as divulgações internas e promovemos campanhas. Uma delas chamamos de Mude por Você. Era para quem tivesse interesse em fazer transformações importantes na vida: parar de fumar, começar a fazer exercícios… Mas que vai além disso, estendendo-se por quatro pilares: físico, emocional, financeiro e espiritual. Porque às vezes não adianta você estar bem num desses aspectos e estar muito mal em outro. E vamos acompanhando a evolução das pessoas nas mudanças que elas decidem fazer. 

O que vocês já perceberam de resultado graças a essas ações?

Essa melhora da saúde das pessoas tem um impacto direto na procura pelo convênio médico. As pessoas estarem menos doentes é algo que representa uma economia de milhões de reais. O plano médico é a segunda maior despesa da companhia, só perde para os salários. Então faz muita diferença se a gente tem um aumento de 25% nesse gasto ou consegue que ele seja só de 5%. É muita coisa. E o que a gente fez com essa economia? Nosso presidente determinou que ela fosse repassada aos funcionários, melhorando salários de quem precisava de um ajuste. Foi o que a gente fez este ano. Normalmente as empresas estabelecem um orçamento de mérito que sai de 1,5% a 3,5% da folha. Este ano, nós conseguimos 7%. 

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Esse resultado financeiro facilita o diálogo do RH com as lideranças? 

Sim, porque estou trazendo resultado para o negócio. Chego e mostro “olha só o quanto a gente conseguiu reduzir na despesa de plano médico graças a essas iniciativas”. E tem outra coisa: ambientes saudáveis, com pessoas felizes, comprovadamente dão mais produtividade. Para se ter uma ideia, já estamos há sete trimestres com crescimento de dois dígitos nos resultados. Nós também abordamos isso nas nossas palestras. Falamos como a saúde de todos acaba melhorando o trabalho no dia a dia, e como a empresa cresce com isso e favorece as condições dos colaboradores graças a esses números positivos. 

Recentemente a empresa aumentou de forma significativa o número de mulheres em cargos de liderança. Qual a relação entre essas transformações?

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É total. Não tem como a gente falar em resultado de saúde do funcionário e de ambiente saudável se você não traz a diversidade para o debate. E na questão da saúde psicológica, principalmente, muitos homens acham que é frescura, não dão a importância devida. Com mais mulheres, conseguimos fazer a conscientização do quanto isso é relevante. E nosso aumento da presença feminina foi muito significativo. Ainda mais levando em consideração uma empresa de ferramentas; em casa, a caixa com esses instrumentos é sempre a caixa do marido. Ainda assim, na empresa toda, aumentamos essa presença de 23% para 35%. E em cargos de liderança houve uma verdadeira revolução: passamos de nenhuma mulher a 50% de participação. Isso foi fundamental para os avanços num RH estratégico, preocupado com a saúde mental das pessoas. Afinal, se você não muda a liderança, também não muda nada na empresa. 

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Este texto faz parte da edição 93 (agosto/setembro) da Você RH. Clique aqui para conferir outros conteúdos da revista impressa.

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