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Reabilitação profissional: empresas pecam ao não oferecer apoio estruturado

Muitas pessoas não sabem que têm direito ao auxílio-acidente ou enfrentam um processo longo e desgastante para conquistá-lo.

Por Sara Paes, em colaboração especial para a Você RH*
28 jul 2025, 16h00
Dardos vermelhos no entorno de uma seta vermelha. É notórios diversos furos na área branca. que envolve a seta.
 (Tooga/Getty Images)
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Quando falamos sobre o auxílio-acidente, o olhar costuma recair sobre o aspecto legal ou financeiro do benefício. Mas, por trás de cada caso, existe uma história interrompida, uma trajetória que precisou ser revista e, muitas vezes, reinventada. O retorno ao trabalho após um acidente é um processo complexo, que exige muito mais do que liberações médicas ou documentos em dia – demanda acolhimento, orientação e estrutura.

A partir da experiência com assessoria especializada em vítimas de acidentes, compreendi com profundidade o verdadeiro impacto da reabilitação profissional.

Mais do que um recomeço, a reabilitação é uma etapa que deve ser planejada, humanizada e voltada para o futuro. Envolve escuta ativa, adaptação às novas condições de vida e trabalho, desenvolvimento de competências e, sobretudo, acompanhamento contínuo. É um processo tão técnico quanto subjetivo.

Tive contato com inúmeras histórias que revelam como essa abordagem pode ser transformadora. Pessoas que, após longos afastamentos, reencontraram um caminho profissional, muitas vezes em áreas totalmente diferentes daquelas em que atuavam antes. Não se trata de “voltar ao que era antes”, mas de reconhecer potenciais, respeitar limites e descobrir novas possibilidades.

Certa profissional, depois de um acidente de trajeto, passou a atuar com excelência na área administrativa. Um trabalhador, ao conviver com uma limitação física, encontrou na tecnologia um campo propício para recomeçar. São casos que ilustram que a reinserção é possível e, mais do que isso, pode ser bem-sucedida e significativa quando há um suporte adequado.

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Falta apoio

Sabemos que o caminho até esse benefício costuma ser marcado por burocracia, dificuldades de comprovação e falta de informação, o que torna o momento ainda mais vulnerável para quem já está fragilizado. Muitas pessoas sequer sabem que têm direito ao auxílio-acidente ou enfrentam processos longos e desgastantes para conquistá-lo. Para as vítimas, o primeiro passo é buscar informação qualificada, orientação segura e apoio especializado.

É justamente nessa etapa que um apoio comprometido faz a diferença: ao esclarecer direitos, auxiliar na comprovação documental e viabilizar o acesso ao benefício, contribui-se para reduzir o peso de um momento delicado.

Dados do Programa de Reabilitação Profissional do INSS reforçam a importância de um apoio estruturado: entre 2016 e 2023, mais de 88,3 mil pessoas foram reabilitadas e qualificadas para outras funções profissionais, com suporte em orientação, formação, fornecimento de órteses e transporte. Esses números demonstram que, com investimento e acompanhamento, é possível transformar trajetórias de forma concreta.

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Mas tão importante quanto garantir esse acesso é oferecer estrutura no pós-benefício. Se as empresas conseguem facilitar e estruturar o que vem depois para seus colaboradores, oferecendo suporte de qualidade, garantem não apenas a continuidade do trabalho, mas uma chance real de reconstrução com dignidade.

É o que algumas organizações já vêm fazendo, por meio de programas internos de readaptação de função, criação de cargos compatíveis com a nova condição do trabalhador e inclusão ativa nos processos de decisão. Ações como treinamentos personalizados, flexibilização de horários e mentorias, com foco no desenvolvimento contínuo, também têm sido adotadas como boas práticas.

É uma questão de fortalecer a autoestima de quem precisou parar e, agora, precisa de apoio. De reconhecer que nenhum talento deve ser descartado por conta de um imprevisto ou limitação permanente. É preciso criar condições reais para que a reinserção no mercado de trabalho seja mais do que um desejo — seja um direito garantido.

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Como facilitar a volta ao trabalho

Do ponto de vista do RH, deixo aqui algumas sugestões que, segundo minha experiência, são eficazes para tornar o processo de reabilitação mais humano e estruturado:

  • Mapear os colaboradores que passaram por acidente e estão em reabilitação ou readaptação, mantendo um canal direto de comunicação;
  • Estabelecer diálogo contínuo com o INSS e os profissionais de saúde envolvidos no processo;
  • Investir em ações de sensibilização e capacitação para lideranças e equipes, com a intenção de promover um ambiente mais empático e colaborativo;
  • Adaptar espaços, horários e funções conforme as necessidades específicas de cada caso, respeitando os limites e o potencial de cada colaborador;
  • Oferecer acompanhamento próximo no período pós-retorno, com foco no desempenho e no bem-estar emocional e social do trabalhador.

Cabe a nós, enquanto lideranças e profissionais de gestão de pessoas, olhar com responsabilidade para esse processo. Promover e apoiar a reabilitação profissional é um ato de maturidade organizacional e, acima de tudo, de respeito aos seres humanos. Afinal, quando criamos caminhos para que as pessoas possam se reconstruir, estamos criando uma sociedade mais justa, inclusiva e empática.

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*Sara Paes é Head Administrativa da DS Beline.

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