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6 maneiras de criar um ambiente de trabalho mais saudável para mulheres

Elas são 79% mais propensas do que os homens a consumir ansiolíticos e antidepressivos. E quase metade está sobrecarregada com a dupla jornada.

Por Luis Gonzalez, em colaboração especial para a Você RH
26 jun 2025, 14h32
Duas flores murchas em um vaso de flor de vidro em um cenário laranja
 (Giulia Fiori Photography/Getty Images)
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Nos últimos anos, o bem-estar no trabalho se tornou uma pauta urgente, especialmente por conta de avanços na legislação brasileira, como o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental e a atualização da NR-1, que a partir de 2026 vai exigir que as companhias gerenciem riscos psicossociais.

Mas, ao olharmos de perto para a diversidade dentro das organizações, um sinal de alerta se acende: estamos realmente prestando atenção nas necessidades dos colaboradores?

Em estudos recentes da Vidalink sobre saúde mental, o recorte por gênero evidenciou os desafios das mulheres que equilibram demandas pessoais e profissionais, especialmente aquelas que integram a “geração sanduíche” – e se dividem entre cuidar dos filhos, apoiar pais idosos e performar no trabalho.

Para os líderes, conversar com essas trabalhadoras e compreender suas necessidades é fundamental. Só assim podemos avaliar se os programas de bem-estar corporativo estão, de fato, promovendo equidade e reconhecendo os resultados dessas pessoas.

Dados sobre a dupla jornada

Um levantamento da Vidalink realizado em 2024, com 58,9 mil colaboradores de 165 empresas, revelou que as mulheres são 79% mais propensas do que os homens a consumir medicamentos para saúde mental, como ansiolíticos e antidepressivos. O uso desses remédios entre elas cresceu 2,5 vezes mais do que entre os homens. 11,7% das mulheres consomem medicamentos a partir de benefícios corporativos versus 6,5% dos homens.

A busca por tratamento é, sem dúvida, um sinal positivo. Mas também levanta uma reflexão importante: até que ponto essa demanda crescente por cuidados em saúde mental não é resultado de uma cultura de trabalho que ignora os impactos da vida fora do ambiente corporativo e concentra responsabilidades desproporcionalmente nas mulheres?

Segundo nosso Check-up de Bem-Estar 2024, 37% das mulheres lidam com a dupla jornada, equilibrando emprego, casa e cuidados familiares, sendo que apenas 21% dos homens vivem esse mesmo cotidiano. 

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Essa realidade é ainda mais comum para mulheres da geração X (45%) e millennials (44%), que constituem a “geração sanduíche”. Segundo o IBGE, esse grupo é composto majoritariamente por mulheres (51%) que enfrentam o cotidiano da “pobreza de tempo”, equilibrando diferentes responsabilidades, mesmo quando o corpo e a mente já dão sinais de esgotamento.

E a análise não deve parar por aí entre os líderes e profissionais de RH. Não é possível falar de saúde mental no trabalho sem considerar a interseccionalidade, seja em gênero, raça, maternidade e estrutura familiar. Soluções genéricas não resolvem desigualdades complexas.

O papel essencial do RH e da liderança

É hora de parar de tratar a saúde mental como pauta de campanha sazonal e transformá-la em uma estratégia contínua de cuidado. Isso exige protagonismo do RH e um novo papel da liderança.

Destaco seis ações que as empresas podem adotar para tornar o ambiente de trabalho mais saudável para as mulheres, por exemplo:

1. Desenvolver políticas de saúde inclusivas

Criar políticas de bem-estar que contemplam questões como maternidade, menopausa, endometriose, check-ups ginecológicos e saúde reprodutiva.

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2. Criar espaços de diálogo seguros

Promover rodas de conversa, fóruns e canais de escuta ativa onde colaboradoras possam compartilhar experiências e soluções, sem medo ou julgamento.

3. Implementar programas de bem-estar personalizados

Incluir aconselhamento psicológico, planos de medicamentos para diferentes fases da vida feminina (período fértil, gravidez, menopausa), atividades físicas e apoio nutricional.

4. Coletar e analisar dados

Monitorar indicadores como absenteísmo, consumo de medicamentos e licenças médicas para agir com precisão.

5. Capacitar lideranças

Treinar gestores para reconhecer sinais de exaustão, escutar com empatia e agir com acolhimento.

6. Flexibilizar a jornada de trabalho

Permitir ajustes de horário ou modelo híbrido, especialmente para mães solo ou quem cuida de idosos, sem penalização na carreira.

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Um convite à ação

Nenhuma política será efetiva se não for vivida na prática, no dia a dia. 

Precisamos construir ambientes de trabalho mais humanos, respeitosos e sustentáveis. E isso não acontece por acaso: ocorre quando RHs e lideranças tomam decisões conscientes e consistentes em uma cultura de bem-estar.

Não espere projetos grandiosos ou grandes orçamentos. Comece ouvindo. Pergunte-se: quando foi a última vez que seu RH promoveu um diálogo sobre os desafios das mulheres da sua empresa? E o que foi feito com o que se ouviu? Houve valorização dessas profissionais? É uma cultura que promove equidade?

A diferença entre empresas que apenas falam de bem-estar e aquelas que verdadeiramente cuidam está na implementação de mudanças estruturais e no reconhecimento de diferentes pontos de partida.

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