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Executivos de alto escalão retornam ao interior, mas tendência ainda é discreta

Em busca de impacto social, qualidade de vida e novos formatos de liderança, profissionais vêm redesenhando o mercado longe das metrópoles.

Por Izabel Duva Rapoport
Atualizado em 28 ago 2025, 16h04 - Publicado em 27 ago 2025, 17h11
Conceito de trabalho nômade Imagem. Um computador, uma caneca de café e um telefone celular ao lado de grandes janelas e sol nascendo, foco na caneca de café
 (AlexBrylov/Getty Images)
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O movimento é silencioso, mas já revela uma nova rota de carreira entre profissionais que viveram o ápice corporativo nos grandes centros urbanos do mundo e, agora, retornam às suas cidades de origem por escolha própria: muitos passaram a vê-las como terrenos ideais para inovação, pertencimento e legado.

A tendência ainda é discreta, mas vem ocorrendo desde o período da pandemia, quando o trabalho remoto e os modelos híbridos ganharam destaque como opções viáveis, principalmente aos executivos. Segundo o estudo global Talent Trends Leadership 2025, da Page Executive, 51% da alta liderança brasileira afirma ser igualmente produtiva trabalhando em casa e no escritório. O percentual supera a média global (43%) e da América Latina (46%).

Ao mesmo tempo em que boa parte das organizações vêm adotando políticas mais rígidas em relação à frequência no escritório, há executivos buscando o equilíbrio entre qualidade de vida, propósito pessoal, flexibilidade e produtividade. Tudo isso, para alguns, pode ser sinônimo de “cidade do interior”.

O retorno não é retrocesso

Se, antes, os grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, eram o único palco possível para carreiras ambiciosas, agora, porém, cidades médias e pequenas passam a ter relevância em novos capítulos profissionais. É o caso de executivos da fintech Bankme, por exemplo, que deixaram o universo das grandes corporações e retornaram ao interior, onde assumem hoje posições estratégicas na empresa. Para eles, o retorno ao interior não é um retrocesso, mas a construção de um futuro mais consciente, conectado e com mais qualidade de vida.

“Muita gente que rodou o mundo está voltando para casa, não por falta de opção, mas por escolha mesmo”, afirma Thiago Eik, CEO da organização. “Hoje, a tecnologia permite que a gente lidere de qualquer lugar. E há um desejo legítimo de pertencer, de construir raízes com mais propósito”.

O pano de fundo comum entre dois profissionais da empresa, que fizeram o caminho de volta, é Londrina, no Paraná, e, conforme relatam, é a cidade que os fez repensar e transformar a forma de encarar o trabalho, o território e o impacto que querem deixar no mundo. Confira a história de cada um deles: 

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Construção de confiança

A pandemia foi um divisor de águas. “Ela bagunçou a bússola de muita gente. Começaram a repensar o ritmo, as prioridades, e percebemos que dava para gerar impacto sem estar, necessariamente, em uma capital”, relata Wilson Freitas, hoje senior product manager da Bankme. “O interior virou um ponto de equilíbrio: qualidade de vida, conexões afetivas e um ecossistema empreendedor em ebulição.”

O executivo destaca, porém, os desafios de adaptação. “Nas metrópoles, você aprende a escalar rápido e ser obcecado por entrega. Tudo gira em 220v, você está sempre com um pitch ou uma reunião no radar”, lembra Wilson, que ainda aplica isso no interior, mas de forma mais leve. “A velocidade é diferente. No interior, a construção de confiança é mais artesanal, as relações importam (muito), e isso exige escuta, presença e paciência estratégica.”

O executivo deixou Londrina em 2001 para assumir cargos de liderança em empresas de telecomunicações em São Paulo. Após experiências como gestor de projetos e consultor sênior, decidiu empreender e conduziu sua própria empresa por oito anos. “Foi um MBA da vida. Aprendi a lidar com vendas, marketing, finanças e pessoas. Em 2021 vendi meu negócio e voltei para o mundo das grandes companhias como consultor sênior de produtos digitais”.

Oportunidades e boa estrutura

Seu retorno ao interior foi motivado por diferentes fatores. “Recebi uma boa proposta de trabalho, tanto profissional quanto financeira. Mas também percebi uma mudança na infraestrutura da cidade”, ressalta o executivo, que observou Londrina mais bem cuidada e diversa. O ritmo de trabalho nas empresas de menor porte, mesmo as inovadoras, também o fez perceber uma nova configuração da liderança. “Grandes companhias têm processos mais estruturados, mas, às vezes, também mais lentos”, compara. “Nas menores, a cultura organizacional impacta menos do que as relações humanas. O contato mais próximo e o clima de interior exigem outra escuta”.

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Para Wilson, seu retorno não foi movido apenas por nostalgia, mas também por uma vida melhor. “Vejo muitos executivos trocando horas de trânsito por 15 minutos de deslocamento, preferindo segurança e proximidade da família a salários estratosféricos em cidades com custo e estresse altíssimos”, destaca ele. “O desafio é encontrar boas oportunidades de crescimento onde se decide viver”.

Já Aury Ronan Francisco, COO da fintech, deixou Londrina no ano seguinte à graduação em ciências contábeis, quando o mercado local era competitivo e mal remunerado. Queria se especializar em contabilidade agropecuária e aceitou uma proposta para atuar no Mato Grosso. De lá, seguindo em grandes empresas, construiu um currículo de peso, moldado por desafios de IPOs, estruturação de áreas financeiras e gestão em ambientes de crescimento acelerado.

Talentos locais

A decisão de voltar para o interior foi recente e pessoal. Além de ter toda a sua família vivendo em Londrina, no final de 2023 aceitou a proposta da Bankme de fazer parte da operação de uma nova organização, em expansão, em sua cidade natal. O maior desafio, segundo Aury, está no modelo organizacional. “Grandes empresas são hierárquicas, com funções maduras. Startups em cidades do interior, porém, estão construindo tudo do zero”, conta o executivo. “Não tem fórmula pronta: precisamos desenvolver talentos locais enquanto criamos o negócio do futuro”.

O COO também vê no movimento de retorno um fenômeno com raízes sociais e econômicas. “O custo de vida nos grandes centros se tornou impraticável para muitas famílias. Além disso, há um desejo legítimo de viver com mais segurança, de oferecer uma infância melhor aos filhos”, diz ele, que é pai de uma filha pequena. “Cidades menores trazem essa perspectiva”.

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