Região do Canadá atrai brasileiros com programa que ajuda a obter emprego
Ainda pouco conhecida por brasileiros, a Nova Escócia quer mais imigrantes e tem ações de atração
Halifax – Uma região ainda pouco conhecida por interessados em estudar e trabalhar no Canadá, a província de Nova Escócia, na costa atlântica, tem iniciativas que a colocam como uma das áreas de língua inglesa do país mais atrativas para imigrantes brasileiros qualificados.
Um dos principais esforços de atração de novos residentes para a região é direcionado a estudantes estrangeiros que se matriculem em uma das 11 escolas técnicas ou 13 universidades da Nova Escócia. Por meio do programa Study and Stay. – criado pela EduNova, associação que tem o objetivo de promover internacionalmente a Nova Escócia como destino de estudo – alunos internacionais recebem treinamentos que estimulam a adaptação cultural e têm mentoria para facilitar a inserção no mercado de trabalho.
“Uma das coisas que nós da EduNova e cada vez mais os habitantes de Nova Escócia reconhecem é que temos que atrair jovens qualificados para a província”, diz Michael Hennigar, diretor de recrutamento e marketing da EduNova. De acordo com ele, uma pesquisa realizada pelo departamento de imigração da Nova Escócia, no ano passado, revela o tamanho da abertura a novos residentes permanentes “Oitenta e cinco por cento dos habitantes da província entrevistados disseram que consideram a imigração positiva para todo mundo”, diz.
Estudar e buscar uma formação técnica ou acadêmica em instituição de ensino canadense é um dos caminhos recomendados para quem deseja se estabelecer definitivamente no país. As chances de obter residência permanente no país são altas para os estrangeiros formados por instituições de ensino canadenses que conquistam um emprego estável após a formatura.
O objetivo do Study and Stay é justamente garantir que os profissionais qualificados fiquem empregados na região. Criado há três anos, o programa teve uma fase piloto exclusiva para estudantes chineses, indianos e filipinos e, desde o ano passado, passou a aceitar outras nacionalidades.
A brasileira Valessa Gonçalves, de 37 anos, estudante de curso técnico de negócios na NSCC (Nova Scotia Community College), foi aceita no programa no ano passado. “No começo, a gente aprende mais sobre a cultura canadense, fala sobre voluntariado e sobre como a gente pode fazer para se envolver na comunidade, em seguida o programa entra na parte voltada ao mundo profissional, de como fazernetworking”, conta.
Estudantes do segundo ano de universidades e ou do primeiro ano de cursos técnicos podem participar do Study and Stay. Alunos que estão no último ano de seus cursos (4º ano da universidade ou 2º ano de curso técnico) podem se candidatar a uma outra versão do programa que recebe não só estudantes da Nova Escócia, mas também das outras províncias atlânticas canadenses e por isso leva o nome de Atlantic Canada Study and Stay. É uma espécie de “spin off” do programa, mais rápida e com foco total na inserção do estudante no mundo profissional. Além da Nova Escócia, a costa Atlântica canadense conta com ainda com as províncias de New Brunswick, Prince Eduard Island e Newfoundland.
A mentoria faz a diferença na hora arrumar emprego, dizem brasileiros
Uma das principais vantagens dos dois programas, segundo seus criadores e estudantes entrevistados por EXAME, é que os alunos recebem mentoria de profissionais canadenses, o que é de grande ajuda na construção de networking.
“Quando você está tentando achar emprego, um dos maiores problemas é que as oportunidades muitas vezes estão escondidas, você realmente precisa ter conexões, precisa ter uma rede de pessoas a quem recorrer para descobrir as oportunidades que estão disponíveis e isso acontece em qualquer campo de atuação”, diz o diretor de recrutamento da EduNova.
O brasileiro Elder Koch, de 34 anos, só conseguiu encontrar o seu emprego atual porque seu mentor no programa ficou sabendo da vaga por meio de um ex-colega de trabalho. “Eu estava procurando em todos os sites de emprego, e em uma das reuniões mensais que eu tive com o meu mentor, ele trouxe o anúncio da vaga que pedia o meu perfil profissional”, conta ele, que fez curso técnico de negócios na NSCC e já tinha experiência na área de supply chain no Brasil.
A vaga estava divulgada apenas no site da empresa, da qual Koch nunca tinha ouvido falar. “É uma empresa pequena de engenharia aeroespacial que presta serviço para o governo do Canadá e também dos Estados Unidos. É uma indústria diferente mas estou usando conhecimento e experiências que tive em suplly chain”, diz ele.
Aproximar os estudantes estrangeiros e apresentá-los às empresas do mercado de trabalho é um problema que o programa tenta solucionar e que faz a diferença na visão de Kadu Campoy, de 24 anos, mais um estudante brasileiro que está no programa. “No Brasil a gente cresce ouvindo falar das empresas, nossos pais conhecem, temos conexões. O estudante, quando chega aqui, fica meio perdido. A maioria dos empregos não é publicada nos sites de emprego. Você procura no Google e não acha”, diz.
Para ele que estudou negócios na Acadia University, o mérito do programa está justamente na possibilidade de networking que se abre. “O programa te conecta com as pessoas dentro das empresas, tornando o mercado de trabalho mais igualitário para os estudantes estrangeiros”, diz.
Obtenção de residência permanente pode sair mais rápido nas províncias atlânticas
Outra vantagem que não só a Nova Escócia mas também as províncias da Costa Atlântica oferecem aos profissionais que desejam seguir carreira no Canadá está relacionada ao tempo de obtenção da residência permanente.
A região tem um programa de imigração, o Atlantic Immigration Pilot Program, que acelera o processo de concessão da residência permanente para quem conquista trabalho em empresas previamente cadastradas na iniciativa.
“Se você é um estudante e encontra um empregador registrado nesse programa, pode se candidatar imediatamente à residência permanente, em vez de esperar um ano, que é o tempo geralmente exigido para ser elegível ao processo”, explica Michael Hennigar. Atualmente , mais de 900 empresas participam do programa. “A empresa para a qual eu trabalho, acaba de se credenciar para participar”, comemora Koch.