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Tem muita gente vendo a vida passar diante das telas

O esgotamento digital é uma realidade e deve se espalhar, e uma gestão de saúde e bem-estar eficiente não pode fechar os olhos para o problema

Por Marcia Kedouk
7 abr 2023, 08h48
Mulher com cabelo ondulado, blusa vermelha e blazer preto olha a tela do celular
 (Andrea Piacquadio/Pexels/Divulgação)
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F

oi durante a pandemia que a discussão sobre o excesso de tempo diante da tela de celulares, computadores e tablets começou a ganhar fôlego nas empresas. Os primeiros relatos chamaram a atenção para a “fadiga do Zoom”, relacionada ao cansaço extremo provocado por horas seguidas de reuniões no aplicativo que virou o mais popular no início da crise sanitária.

Com a volta do trabalho presencial e a adoção em maior escala dos modelos remoto e híbrido, esperava-se que essa overdose digital fosse domada. Mas não. Um levantamento da Microsoft mostrou que a duração dos encontros online até diminuiu, mas as “calls” rapidinhas, de 15 minutos, proliferaram — atualmente, representam 60% das conversas — e extrapolaram o razoável. Não à toa, os agendamentos sobrepostos subiram 46% no ano passado.

E tem muita gente vendo a vida passar diante das telas. Os brasileiros estão em segundo lugar no ranking de populações que dedicam mais tempo à internet: são 9 horas e 32 minutos por dia, só seis minutos menos do que na líder da lista, a África do Sul. A média global é de sete horas, segundo dados de um relatório recém-divulgado pelas empresas We Are Social e Meltwater.

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Embora a hiperconexão seja um problema conhecido, preocupa o aumento do número de pessoas que sofrem com sintomas relacionados ao excesso de exposição a telas, como insônia, irritabilidade, percepção de sobrecarga mental e dificuldade de concentração e de automotivação. Esse cenário fez surgir um novo fenômeno: o burnout digital, esgotamento causado pela overdose de conectividade, inclusive no trabalho, a que dedicamos a maior parte do tempo.

Em uma pesquisa exclusiva para a VOCÊ RH produzida pela Fiter, startup que mede o índice de felicidade nas empresas, 77% dos entrevistados disseram que a maior quantidade de horas em frente à tela acontece no emprego — boa parte em reuniões online, mesmo entre quem trabalha presencialmente.

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Para diminuir os danos do excesso, as empresas começaram a formalizar práticas de incentivo à desconexão. O esgotamento digital é uma realidade e deve se espalhar, e uma gestão de saúde e bem-estar eficiente não pode fechar os olhos para o problema.

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