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Grupos de afinidades: o que aprender com a iniciativa do Blacks at Itaú

Conheça o grupo de afinidade que ajuda no avanço da pauta racial dentro da instituição bancária

Por Hanna Oliveira
Atualizado em 10 dez 2020, 20h19 - Publicado em 13 out 2020, 11h52
 (Foto: Itaú/Divulgação/Divulgação)
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Quando ingressou no banco Itaú como estagiária, após ser selecionada entre 75 mil candidatos, por meio de um programa de estágio para profissionais negros, Mellanie Moura, analista de comunicação da empresa, não imaginava que, oito anos mais tarde, estaria à frente do Blacks at Itaú – um grupo de afinidade dedicado à pauta racial dentro do maior banco da América Latina. “Eu jamais imaginei que teria a oportunidade de fazer o que faço hoje, promover tantas mudanças significativas que impactam não só a minha vida, mas a vida de tantas pessoas”, conta.
O Blacks at Itaú surgiu após Mellanie ter sido acionada pela área de pessoas da empresa para validar ações da semana racial. Ela, então, covidou seus colegas negros a contibuírem também – todos estavam conectados por meio de um mailing criado por Mellanie. Através de conversas o grupo identificou pontos em comum em suas vivências no banco, mesmo estando em áreas diferentes. “Percebemos que precisávamos ir além da semana de diversidade racial”.Hoje o grupo de afinidades conta com o título de primeiro oficializado pela instituição e é dividido entre membros e a coordenação. A coordenação fica sob de liderança de Mellanie, que divide as responsabilidades com Marília Lins, engenheira do Data Center do Itaú, e outros pontos focais. Eles se dividem em agendas como carreira, letramento racial, comunicação, parcerias internas e externas. O grupo conta, inclusive, com a presença de executivos do banco. O patrocinador é Marcio Schettini, diretor-geral da área de varejo da instituição e com que mantém uma agenda mensal. “Quando nos aproximamos, seja da área de pessoas ou dos executivos, conseguimos tangibilizar alguns pontos para eles”, diz Mellanie. 
Além do Blacks at Itaú, a instituição tem outros grupos oficializados, alguns deles são: Inclui (para pessoas com deficiência), Sou Como Sou (LGBTI+), iEla Tech Power e Com Todos por Todas (mulheres).   
 


O marco da luta racial para os grupos de afinidade
A história dos grupos de afinidade não é recente. Em 1964, a cidade americana de Rochester, no estado de Nova York, foi palco de um motim cujo estopim se deu após uma cena de abuso policial contra um homem negro. Influenciados pelos protestos que abalaram o país e pela própria exposição ao racismo em seu trabalho, funcionários negros da Xerox se uniram para exigir providências da empresa. Joseph Wilson, CEO da companhia na época, enviou uma carta para os líderes da empresa construíssem uma estratégia de empregabilidade e inclusão de negros. Assim nasceu um dos primeiros grupos de afinidade corporativo, que foi batizado de “The first Xerox caucus group – BABE (Bay Area Black Employees)”, algo como “O primeiro grupo de convenção política da xerox – Funcionários Negros da Região da Baía”, em português. A “baía” se refere a um território do norte do estado americano da Califórnia. 
Hoje, grupos de afinidades como esse estão espalhados pelo mundo e têm ganhado mais força dentro das companhias, principalmente por conta do avanço das agendas de diversidade e inclusão. 
O apoio do RH 
Para que um grupo de afinidade dê certo e consiga criar políticas e aliados, a área de gestão de pessoas precisa oferecer apoio — e usar as sugestões para melhorar suas práticas. É o que acontece no Itaú. Segundo nota oficial enviada para VOCÊ RH, o banco afirma que a proximidade com os grupos de afinidade ajuda a tornar a seleção, capacitação, e processos internos mais inclusivos. “O Blacks teve uma atuação bastante significativa para identificar as principais dores, o que acontece, quais são os pontos de atenção à saúde mental, à carreira, à profissão. Então, esse é um grande gol”, diz Mellanie. 
Ela ainda explica que o grupo dá certo porque os participantes têm, além do direcionamento institucional, apoio dos chefes diretos com quem combinam o tempo de trabalho dedicado ao projeto e execuções de atividades importantes. 
Lutar e conquistar
O Blacks at Itaú já realizou grandes conquistas. Dois anos depois da fundação, eles possuem um representante do grupo em cada um dos 27 estados brasileiros na rede de agências da instituição, garantindo a disseminação da inclusão racial não apenas entre funcionários, mas entre clientes. “É importante mostrar que o cliente é diverso e disseminar a cultura da representatividade, da inclusão e da empatia no atendimento ao cliente negro”, explica Mellanie. Hoje o Itaú tem  22,9% de negros no quadro de funcionários.
Além disso, o grupo possui uma agenda de lives nas páginas institucionais, uma página no canal oficial do banco e um grupo na rede interna de comunicação. Recentemente fizeram um piloto para tratar da saúde mental dos funcionários negros em meio à pandemia e a acontecimentos marcantes para a comunidade negra mundial e brasileira, como a execução de George Floyd e a morte do menino Miguel. “Eu me tornei uma líder e minha responsabilidade é latente. Estamos falando de propósito, de legado, de impacto social, econômico e de transformações que são profundas e estruturais””, diz Mellanie, emocionada. 
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