“Aproveitem a voz que vocês têm”, diz Luiza Trajano ao RH
Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza afirma que empresas modernas mantêm o RH atuando diretamente com o CEO
“Há dois anos, eu sugeriria que as empresas tivessem diversidade em seus times porque gera inovação, porque o Brasil é diverso; e citaria vários outros argumentos. Hoje, eu digo que ou você entra nessa, ou você entra — não tem opção”, afirma Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, em entrevista a VOCÊ RH. A executiva se refere à relevância econômica que o tema tem ganhado.
Em 2022, a bolsa de valores brasileira, a B3, propôs que todas as companhias listadas aprimorassem suas iniciativas de diversidade na alta liderança. “As empresas deveriam informar, no prazo estabelecido pela B3, que adotaram práticas relacionadas a diversidade, gênero e comunidades sub-representadas na composição da alta liderança, ou então explicar publicamente o motivo da não adoção”, afirma Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3. O novo regulamento está em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — caso receba aprovação, deverá ser editado ainda no primeiro semestre de 2023, com prazo de adaptação até 2026.
Para Luiza, quem exige ações mais efetivas do mercado é o consumidor final. “Se uma empresa trata mal um funcionário ou cliente negro, por exemplo, todos vão acabar sabendo e, no outro dia, estarão lá na porta do negócio com cartazes contra isso, exigindo uma retratação”, diz. “Porque o consumidor até quer comprar barato, mas não quer comprar de uma empresa que explora as pessoas.”
Da palavra à ação
O Magazine Luiza tem um programa de trainee exclusivo para pessoas negras desde 2020. Na época em que foi lançada, a iniciativa gerou polêmica sobre uma possível discriminação com os demais públicos. Em novembro de 2022, a Justiça concluiu que a ação não era discriminatória, e sim um incentivo à inclusão social. Para Luiza Trajano, é preciso sair do diagnóstico e partir para a ação.
“Aproveitem a voz que vocês têm”, diz Luiza. “O poder das empresas de transformar a realidade do mundo é muito grande.”
Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza
“Principalmente no pós-pandemia, a mensagem que ficou é fazer acontecer. Não deu certo? Muda. Deu certo? Multiplica”, diz. E o papel do RH nesse cenário é fundamental. “Mesmo quando comecei, ainda muito ‘pequena’, lá no interior, nunca tive um departamento pessoal — sempre foi um RH, que nunca funcionou apenas de forma burocrática, para fazer folha de pagamento e contratação. E eu sempre dizia para o pessoal dessa área: vocês ainda vão ter uma importância muito grande dentro das companhias”, afirma. Hoje, diz ela, as empresas mais modernas mantêm o RH ligado diretamente ao CEO, fazendo parte do primeiro staff da companhia. Em 1991, o Magazine Luiza já tinha uma diretora de RH.