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Escala 4 X 3: MOL Impacto oficializa jornada reduzida em contrato CLT

91% dos colaboradores relatam melhora na saúde mental e 70% afirmam estar mais satisfeitos com a empresa. Conheça a implementação, os benefícios e os desafios.

Por Izabel Duva Rapoport
Atualizado em 16 set 2025, 22h03 - Publicado em 16 set 2025, 21h59
Calendário ilustrando uma semana de trabalho de quatro dias com as sextas-feiras sendo um dia de férias
 (BackyardProduction/Getty Images)
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“Se não podemos mudar as leis do país, ao menos podemos dar o exemplo dentro de casa”. Roberta Faria, cofundadora e CEO da MOL Impacto, especializada em criar modelos sociais de negócio, acompanhou de perto a implementação da jornada de quatro dias úteis por semana em empresas participantes do movimento global 4 Day Week (4DW), em países como Reino Unido, Austrália, Japão e Portugal. “Os ganhos são claros em produtividade, bem-estar e engajamento”, afirma.

Essa trajetória começou na MOL Impacto no início de 2024, quando a companhia adotou a escala 4 X 3 como parte do projeto-piloto da 4DW, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), Reconnect Happiness At Work, que atua com felicidade corporativa, e Boston College. “Esse tipo de mudança é complexo e necessita de apoio especializado para dar certo”. Roberta explica, aliás, que optaram começar justamente nas áreas mais intrincadas, de operações e parcerias. “Se desse certo ali, funcionaria em toda a empresa”.

Um ano e meio depois, já em julho deste ano, uma pesquisa interna com 77% da equipe revelou ganhos significativos com a nova rotina: 91% dos colaboradores relataram melhora na saúde mental e 70% afirmaram estar mais satisfeitos com a empresa. A percepção de um progresso na colaboração entre colegas também foi alta: 85% apontaram impactos positivos no clima de trabalho e na cultura organizacional.

A jornada reduzida também trouxe benefícios para os hábitos pessoais dos funcionários, segundo o estudo: três em cada dez pessoas passaram a dormir mais tempo por noite, com uma média de 7,4 horas de sono. A prática de atividades físicas também foi favorecida: 61% conseguiram se exercitar com mais frequência e 29% iniciaram uma rotina de exercícios a partir da mudança. “O impacto foi positivo em eficiência, criatividade e saúde mental, [e ainda] sem gerar novos custos, como aumento de equipe para cobrir os dias livres”, relata a CEO.

Produtividade permanece elevada

Mesmo com a redução dos dias úteis, a produtividade percebida permaneceu elevada. A maior parte da equipe, segundo a executiva, trabalha 32,5 horas semanais, e apenas 3% relatam extrapolar a carga horária com frequência semanal. Mais da metade afirma que raramente ou nunca se sente desgastada, exausta ou ansiosa. Por outro lado, 81% das pessoas dizem se sentir mais bem-humoradas, realizadas e com mais energia no dia a dia.

“Os efeitos positivos foram revelados em todos os níveis da organização, sobretudo de pessoas que não ocupam cargos de liderança, o que reforça a capilaridade do impacto”. A cultura da empresa também saiu fortalecida: 84% relataram melhorias no clima organizacional, no sentimento de propósito e no orgulho de pertencer à empresa.

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O maior desafio: mudar a forma de trabalhar

Se antes da nova jornada cada pessoa era responsável por tarefas e clientes específicos, hoje, os processos estão reorganizados para que ninguém fique sobrecarregado. “Passamos a documentar melhor, planejar com antecedência e compartilhar informações de forma ampla”, revela Roberta. “O efeito inesperado foi criar uma cultura mais colaborativa e generalista, em que todos têm autonomia para manter o fluxo de trabalho e, assim, quem está de folga pode aproveitar o dia livre sem interrupções”.

Outro desafio, segundo ela, foi lidar com a ansiedade inicial: aquela sensação de “não vou dar conta de tudo”. “A culpa de descansar, fruto da cultura de trabalho que trata exaustão como mérito, também pesou”, lembra.

Além disso, com apoio da 4DW, a MOL Impacto precisou rever a agenda corporativa, reorganizar reuniões, apoiar colaboradores na definição de prioridades, melhorar a comunicação assíncrona e sugerir rotinas de foco. “Também implementamos ponto eletrônico e timesheet para buscar otimização de cada hora”, diz. Mais recentemente, ferramentas de inteligência artificial foram aplicadas para automatizar tarefas repetitivas – a ideia é liberar tempo para atividades criativas, analíticas e estratégicas.

O fim do projeto-piloto e a formalização em CLT

Em agosto deste ano, a empresa encerrou o piloto e adotou a semana de quatro dias como política permanente. “Como defensora da CLT e de benefícios trabalhistas em prol da qualidade de vida [a organização já adotou home-office, jornada flexível, licença menstrual e licenças parentais estendidas], fiz questão de formalizar a redução da jornada também nos contratos”, defende Roberta, que teve apoio jurídico especializado, já que se trata de um modelo ainda novo na legislação brasileira.

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A especialista destaca, ainda, que este não é um modelo universal. Setores como saúde, educação e varejo, por exemplo, provavelmente teriam um impacto econômico na mudança de escala. “O que, na minha visão, pode ser facilmente coberto se a maximização de lucros não for a principal meta de negócio e o aumento de vagas no mercado for compreendido como um motor econômico para o país”.

Mas o Brasil, de acordo com ela, está atrasado em pensar a saúde do trabalho. “Ainda estamos discutindo o fim da escala 6 X 1 e sequer começamos a enfrentar as consequências da precarização dos vínculos empregatícios”, diz se referindo a impactos na desigualdade social e na saúde coletiva. “A ‘economia’ baseada no esgotamento humano já virou prejuízo público e privado, com recordes de burnout e afastamentos por doenças mentais neste ano”, complementa.

A prática também no terceiro setor

A experiência da nova jornada na empresa levou à adesão da política dos quatro dias úteis também no Instituto MOL, que acaba de reorganizar a rotina da equipe. A implementação, segundo Mariana Campanatti, diretora executiva do Instituto MOL, não significa trabalhar menos. “Trata-se, na verdade, de reconhecer que há vida, cuidado e trabalho que acontecem fora do crachá”. Para ela, esse movimento vem crescendo no mundo todo, demonstrando ao mercado que é possível equilibrar bem-estar, produtividade e resultados. “É um passo concreto para questionar modelos, experimentar outros futuros e lembrar que transformar a sociedade também começa dentro das organizações”.

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