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Neurocomunicação: os caminhos da ciência para hackear a atenção dos colaboradores

Nosso cérebro se apega mais a informações claras, cheias de emoção e repetidas muitas vezes. Entenda como o RH pode usar isso ao seu favor.

Por Leo Caparroz
3 dez 2025, 16h30
Imagem de uma parede, revestida de azulejos, com diversos cartazes colados.
 (Eduardo Dulla/VOCÊ RH)
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Comunicação interna pode ser um trabalho ingrato. Várias vezes, os profissionais de RH que se dedicam à atividade sentem-se como padres fazendo sermão numa igreja vazia. Muitos e-mails, newsletters, chats, banners na intranet… e pouquíssimo retorno. Um relatório de 2023 feito pela Comunica. In, plataforma de comunicação interna, mostrou que seis em cada dez funcionários nem se dão ao trabalho de ler as mensagens corporativas.

Não é, necessariamente, uma questão de descaso. A forma com que as empresas se comunicam não condiz com o jeito que o cérebro humano processa informações – nem com a rotina e a dinâmica da vida dos funcionários.

É ingenuidade, por exemplo, achar que o resumo semanal de novidades da empresa, mandado via newsletter, vai captar a atenção do funcionário. “As pessoas estão atarefadas, sobrecarregadas, com a agenda cheia, e estão querendo consumir conteúdo de assuntos dos próprios interesses. O que é comunicado pela empresa é menos interessante”, afirma Vívian Rio Stella, doutora em Linguística pela Unicamp e colunista da Você RH.

Escolher bem o canal ou as informações não é suficiente para fisgar o colaborador. Segundo a neurocomunicação, para a sua mensagem ser boa, também é preciso moldá-la aos olhos de quem recebe. O cérebro capta e decodifica vários aspectos na hora de comunicar – considerá-los pode ser muito benéfico para a sua comunicação.

Entendendo um pouco mais dos mecanismos do nosso cérebro, sobre como eles influenciam a percepção de mensagens, as organizações podem transformar sua comunicação corporativa em um sistema poderoso, impactante e muito mais eficiente para todos.

O jeito como nós funcionamos

Junte comunicação e neurociência, então misture bem. Voilà, neurocomunicação. De forma bem simples: trata-se de aplicar todos os conhecimentos científicos de como o cérebro humano funciona para otimizar a forma como alguém se comunica – no nosso caso, o RH.

Daniel Gilbert, professor de Psicologia na Universidade Harvard, afirma que o cérebro é uma máquina de antecipação, e “criar o futuro” é uma das coisas mais importantes que ele faz. Na ausência de informações confiáveis, sua mente preenche as incertezas com suposições.

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E, dentro do escritório, a incerteza é uma das principais inimigas da performance. Uma pesquisa da Personal Capital mostrou que, entre 2 mil americanos, 66% disseram ter preocupações constantes com desemprego, questões econômicas e o futuro do trabalho, e 54% afirmaram que a incerteza atrapalha seu bem-estar.

Vários relatórios complementam essa aflição: segundo a Gallup, 29% dos colaboradores dizem não ter uma comunicação consistente, clara e honesta dentro da empresa; já dados da Axios HQ mostram que apenas 46% dos colaboradores acham que a comunicação da empresa é útil e relevante, 51%, que ela é clara, e menos da metade sabe onde encontrar informações importantes.

E tanto faz o motivo da incerteza: se é porque a comunicação foi malfeita ou se ela não existiu. Para o nosso cérebro, um comunicado ruim é o mesmo que comunicado nenhum.

Diante das incertezas, o cérebro ativa a reação primitiva de luta ou fuga, estimando perigo e colocando seu corpo em estado de alerta. A energia mental que poderia ser usada para conduzir seu trabalho é desviada para a preocupação – seu cérebro sente a falta de clareza como um sinal de ameaça. Resultado: ansiedade.

Em uma empresa, é muito importante que a comunicação seja clara o tempo todo. A falta de compreensão não é apenas frustrante, ela desgasta e consome recursos mentais que poderiam apoiar a produtividade.

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Imagem de uma parede, revestida de azulejos, com um painel feito de cortiça e diversos cartazes sobre ele.
Diante de tantas distrações, a repetição é o caminho para que o cérebro retenha informações necessárias. [Foto: Eduardo Dulla / Você RH] (Eduardo Dulla/VOCÊ RH)

It’s repetition

Você lembra o número da placa do último táxi que pegou? Talvez não. Mas eu aposto que você lembra o número do seu CPF, do seu telefone, ou da sua senha de banco. Por que nos lembramos de algumas coisas mais do que de outras? Porque nós repetimos algumas coisas muito mais do que outras.

A repetição é um método muito comum de ensino e de estudo. Nosso cérebro tem uma impressionante plasticidade: algumas conexões cerebrais ficam mais fortes, e outras, mais fracas, dependendo do quanto você as usa.

O melhor jeito de descrever a neuroplasticidade é: aquilo que você usa se reforça, e aquilo que você não usa se perde. Por isso que você se esqueceu de como tocar piano depois de só ter feito duas aulas quando tinha 11 anos, mas lembra como se anda de bicicleta.

Com tantas coisas disputando nosso foco, a repetição é um dos segredos para que o cérebro retenha informações necessárias. Mensagens reforçadas várias vezes têm muito mais chance de vencer os ruídos externos – especialmente se elas são consistentes, com propósito e oportunas.

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“A gente está muito acostumado a ter as notificações do celular avisando de tudo. E hoje em dia parece que as empresas anunciam o evento, mandam o invite e acham que está tudo certo. E não está. As pessoas já estão se acostumando, neurologicamente falando, a esperar um lembrete sobre o que é importante”, afirma Vívian. “É preciso entender que existem rotinas e repetições necessárias para que as pessoas se lembrem daquilo que viram rapidamente. Elas precisam de lembretes, resumos, resgates, reiterações para poder firmar essa informação na cabeça.”

Entre razão e emoção

Nosso cérebro prefere se lembrar de emoções do que de fatos. É uma característica evolutiva, que compartilhamos com outros animais, chamada de “memória emocional”. É só se lembrar das orbes de lembranças em Divertida Mente (2015) e como elas sempre vinculam uma lembrança a um sentimento.

Isso é um trabalho conjunto de duas regiões do cérebro: o hipocampo e a amígdala. A primeira é responsável pela memória; a segunda, pelas emoções. Quando algum acontecimento causa uma reação emocional forte, é como se a amígdala colocasse uma estrelinha para destacar a memória para o hipocampo – “Ei, isso é importante, lembre-se disso”.

Em comparação com eventos neutros, tem-se lembranças mais vívidas de eventos que evocam emoções fortes. Memórias como essas também têm uma probabilidade significativamente menor de serem esquecidas com o tempo. Além disso, é mais provável que esse tipo de lembrança influencie o comportamento.

Às vezes, é vantajoso que a sua mensagem use algumas estratégias emocionais. RH significa “Recursos Humanos ”, e esta última parte é bem importante. Então, lembre-se de que uma empresa é composta por pessoas, e não por números.

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Explore emoções como curiosidade, propósito e reconhecimento. Destaque histórias de funcionários, celebre conquistas e exalte os nomes responsáveis. Tente usar uma linguagem mais humana, que fuja da frieza impessoal. Assim, você cria conexão em vez de apenas seguir o roteiro corporativo, e sua mensagem ficará muito mais envolvente.

Imagem de uma parede, revestida de azulejos, com um painel feito de cortiça e diversos cartazes sobre ele.
Nosso cérebro prefere se lembrar de emoções do que de fatos. Então aposte em mensagens emotivas. [Foto: Eduardo Dulla / Você RH] (Eduardo Dulla/VOCÊ RH)

A estratégia ajuda o cérebro (e vice-versa)

Quando a comunicação corporativa não está dando resultados, a solução pode ser comunicar menos. Talvez o segredo esteja em um diálogo mais estratégico, mais direto ao ponto.

“A solução é informar com mais qualidade, é ter uma comunicação menos fragmentada”, afirma Vívian. “Quanto mais dispersa [a comunicação] em um monte de canais, mais as pessoas se perdem.”

Colaboradores não são destinatários passivos, eles filtram conteúdos pela carga mental, pelo viés cognitivo e emocional. Estratégias que consideram isso tendem a gerar maior impacto, retenção da mensagem e menor ruído interno.

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Em um mundo com tantas distrações digitais, ruídos, pressão e incertezas, como fazer as mensagens serem entendidas? Simples: por meio de clareza, repetição e emoção, como você viu acima. O cérebro acaba priorizando informações que sigam uma ou mais dessas características.

No fim das contas, comunicar bem é entender como as pessoas funcionam. E nisso a ciência pode ser uma baita aliada. A neurocomunicação ajuda a decifrar como o cérebro reage a estímulos, emoções e formas diferentes de apresentação. Ela abre espaço para sairmos do automático e buscarmos soluções interdisciplinares, que podem estar fora da caixa. Ou, no nosso caso, fora do cubículo no escritório.

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Este texto é parte da edição número 101 da Você RH impressa, que chegará às bancas no dia 5 de dezembro. Acompanhe nosso site e nossas redes sociais para não perder o lançamento!

 

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